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  • 06 jun 2024

Entidades divulgam carta aberta pela preservação da Ponte de Ferro

Vão que caiu da estrutura histórica está em fase final de recolocação. Entretanto ponte poderá ser substituída por nova ligação de duas vias

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A possibilidade da Ponte de Ferro, entre Arroio do Meio e Lajeado, ser substituída por uma estrutura mais moderna e robusta gera contrariedade de entidades regionais ligadas ao turismo, arquitetura e proteção ao patrimônio histórico.

Nessa semana, um grupo composto por cinco associações divulgou uma carta aberta ao Vale do Taquari em defesa da manutenção da travessia construída em 1939. O documento é assinado pelo Conselho Municipal de Política Cultural de Lajeado (CMPC), Academia Literária do Vale do Taquari (Alivat), Amturvales, Instituto Histórico e Geográfico do Vale do Taquari (IHGVT) e Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Vale do Alto Taquari (Seavat).

A polêmica sobre o futuro da Ponte de Ferro surgiu a partir de duas iniciativas distintas para religar os municípios sobre o rio Forqueta. Uma delas, capitaneada por empresários da região, prevê a recolocação de um vão que foi arrancado pela enchente histórica do início de maio.

Em processo avançado, a nova estrutura metálica deverá ser içada até o pilar nesta sexta-feira. A expectativa é que a Ponte de Ferro esteja apta a receber o fluxo de veículos em uma pista de fluxo único até o dia 12 de junho. O custo está estimado em cerca de R$ 1,5 milhão.

O segundo movimento projeta a construção de uma nova ponte com capacidade para veículos pesados e com pista de fluxo e contrafluxo. A empresa Medabil venceu licitação para construir a futura ligação por um valor de R$ 10,9 milhões e prazo de entrega de 100 dias.

Para agilizar a obra existe a possibilidade de ser usado o mesmo pilar da Ponte de Ferro, substituindo assim a estrutura que será reconstruída.

Carta aberta à comunidade do Vale do Taquari sobre a reconstrução da Ponte de Ferro

A ligação entre Lajeado e Arroio do Meio foi duramente comprometida pelas quedas das duas pontes que ligavam estas cidades e o Vale do Taquari.

O colapso de um dos vãos da Ponte de Ferro sobre o rio Forqueta na inundação de maio de 2024 causou tristeza e apreensão na comunidade dessas cidades e em toda a região. A Ponte de Ferro foi pioneira na ligação entre estes municípios vizinhos.

Construída pelo governo do estado para substituir a travessia por balsa, sua inauguração em 1939 se deu com um grande evento. Ao longo dos anos ela se tornou um verdadeiro marco na paisagem e símbolo regional, seja pela delicadeza de sua estrutura em treliças de aço, seja pelo belo pilar em pedra de cantaria, ou ainda por sua implantação na linda paisagem da foz do rio Forqueta no rio Taquari.

Com a construção da nova ponte de concreto da RS 130, a velha Ponte de Ferro deixou de ser a principal ligação, mas manteve-se como alternativa e local de admiração para turistas e praticantes de esportes, que usavam suas estruturas para rapel, pêndulo e outras modalidades. Também foi cartão postal de incontáveis ensaios fotográficos e registros de ciclistas, aventureiros e turistas da região ou de fora daqui. Essa ligação afetiva explica por que sua perda foi tão duramente sentida e a pronta reação, com o movimento “Todos pela Ponte”, para angariar fundos para a sua reconstrução.

Discutiu-se como reconstruir, iniciativas foram feitas para a recuperação do vão caído, o que infelizmente não foi possível. Por fim, lideranças locais uniram esforços e deram início à reconstrução, seguindo a forma original da estrutura de ferro, mantendo a originalidade. Com os trabalhos adiantados, o novo vão está sendo construído e em poucos dias a estrutura já deve ser instalada, restabelecendo a tão desejada ligação com a volta do trânsito de veículos leves. Nesse meio tempo, o poder público anunciou a abertura de licitação para a construção de uma nova ponte naquele mesmo local, com estrutura de concreto, acarretando a demolição da estrutura de ferro. Surgem então diversas interrogações e reflexões que devemos fazer: ▪ Há poucos meses foi divulgado um projeto de uma nova ponte ao lado da Ponte de Ferro, que manteria ela preservada.

Entendemos que devem ser criadas mais alternativas de passagem, não substituir a atualmente existente. Uma nova ponte ao lado da Ponte de Ferro é importante para o presente e para o futuro, pois amplia as possibilidades de transposição do rio, impedindo que outro evento venha a interromper totalmente as ligações viárias. O planejamento regional deve prever mais conectividade no Vale do Taquari.

▪ A substituição da Ponte de Ferro pela nova acarreta novas interrupções no fluxo entre as cidades durante todo período de construção, justamente agora que voltaremos a conectar o Vale. A Ponte de Ferro e a ponte do exército vão servir de passagem emergencial enquanto as outras duas pontes de concreto estiverem sendo construídas.

▪ Não parece viável a construção de uma nova ponte de concreto utilizando o pilar e as cabeceiras de pedra existentes, tendo em vista o grande peso da estrutura de concreto com duas pistas e as cargas do tráfego adicional. O reaproveitamento da estrutura de pedra existente deve apresentar problemas no futuro, pelos tipos de esforços aplicados, exigindo reforços estruturais.

▪ A nova ponte com via dupla, para tráfego mais intenso, deve ser feita ao lado, a uma distância segura, de modo a preservar a estabilidade e a imagem da Ponte de Ferro. O afastamento deve considerar o alinhamento das pontes com as vias urbanas existente e a nova que terá que ser aberta. Também deve ser projetada em uma cota mais alta que a atual, para não ser vulnerável a futuras grandes inundações.

▪ A demolição da Ponte de Ferro apaga a nossa história, o patrimônio e os valores afetivos que toda população regional tem com a velha ponte, marco maior da nossa paisagem. Além disso, desconsidera todos esforços e recursos colocados pela população e inciativa privada que se uniram para o reerguimento da ponte. A população aplaude a iniciativa e clama pela manutenção da Ponte de Ferro. Por fim, entendemos que a construção de uma ponte não pode ser resolvida às pressas, mas a situação é de urgência e exige decisões rápidas. Tendo em vista os motivos acima citados, as entidades que subscrevem esta carta, solicitam às autoridades que revejam a ideia de demolir a Ponte de Ferro e redirecionem o projeto para a construção de uma nova ponte em outro local, como era a ideia original apresentada pelo próprio poder público.

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